terça-feira, 10 de março de 2009

O Mistério das Bolsas de Mulher

Tem dias que a gente se sente como quem perdeu o bonde da história, cochilou um tiquinho de nada e o último ônibus passou. Tem dia que as coisas se apresentam diante de nossos olhos e cadê inteligência pra entender? Essa "falta do que fazer" existencial sempre me ataca quando estou em um bar, um restaurante ou num teatro e entra um casal - moça e rapaz arrumadinhos, banho tomado, com aquele misto de intimidade e descaso só presentes em namoro antigo ou casamento recente.
É um ritual: ela entra, cheia de si, satisfeita com o figurino, orgulhosa do homem que vem logo a seguir. E atrás vem ele, cioso de sua mulher - tão cioso, tão ligado a ela que traz nas mãos... a bolsa da fulana. O elemento bolsa feminina na mão do homem sempre me espanta.

Tenho certeza que não me espantaria se ele entrasse de saia rodada, talvez um saltinho escarpin ou até uma legging de oncinha - ainda existem? - mas a bolsa... é muito estranho.
No princípio, eu achava que era alguma gentileza, pois a moça tinha machucado a mão, o pé ou carregasse no colo o bebezinho amado do jovem casal. Mas ela não mancava, não estava engessada e não tinha sinal de bebê nos arredores... Era só gentileza. Será?

Cá comigo, enquanto espero a entrada do jantar ou o início do filme, fico matutando com meus zíperes. Por que ele faz isso? Por que ela faz isso com ele? Uma coisa é certa: o cara fica tão pouco à vontade com a bolsa - enormes, coloridas, bem na moda - que pisa duro, faz cara de mau e quase sofre uma overdose de testosterona, só pra todo mundo achar que ele tá à vontade.
E elas... ah, elas desfilam pelo bar com seu homem atrás. Homem, sim, que não nega fogo e tudo provê. Mas dela, dela a ponto de carregar sua bolsa fashion, para que ela... o quê?... não trinque a unha, talvez.
Se fosse só por gentileza, seria uma gentileza vã. Pelo meu raciocínio oxigenado, se não consegue carregar a bolsa - fashion - por que diabos a mulher sai de casa com ela? Outro dia, um rapaz carregava a bolsa preta, com cordões dourados, à Chanel, enquanto sua dona, digo, sua companheira tagarelava com amigas. Mesmo não entendendo de moda, imagino que bolsa, sapatos e brincos são acessórios escolhidos com precisão cirúrgica pela maioria das mulheres. Então, por que entregar o acessório ao acompanhante, quebrando a harmonia do vestiário?

Talvez a coisa seja mais simples. Com o gesto, a mulher quer apenas que todos ali entendam que aquela bolsa é uma versão das mesmas coleiras que a ex-modelo e atual famosa por nada fazer Luma de Oliveira exibe a cada carnaval. Mas quem usa a coleira não é ela - é o Homem.

A bolsa carregada por seu homem é o recado que a mulher manda para as outras, especialmente aquelas que já perderam o respeito pela boa e velha aliança na mão esquerda: cai fora, perua, que esse exemplar tem dona.

Seja como for, quando avistar Glorinha Khalil em algum cinema ou restaurante, vou pedir licença e tentar solucionar de vez esse dilema.

2 comentários:

  1. Depois eu ainda acho que tenho TOC...

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  2. MV, meu lindo, você não tem ideia do desprezo que eu sinto por esse tipo de casal. Homem que carrega a bolsa da mulher MERECE carregar todo o peso que houver lá dentro. E mulher que manda o cara carregar a bolsa MERECE o homem banana que tem. Mille baci

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