terça-feira, 2 de março de 2010

O Haiti é aqui.... ao lado


Desde o fim de semana, o Chile despertou em nós sentimentos que foram da piedade ao espanto e o horror. Da tragédia natural ao vandalismo generalizado, nosso vizinho de Mercosul foi fundo em tudo. É tudo muito estranho, ainda mais porque em relação ao Chile quase sempre temos uma posição respeitosa. Eles são tão bacanas, os chilenos.

Pra começo de conversa, eles não têm a empáfia dos argentinos - ok, eles também não têm aquelas churrascarias maravilhosas de Buenos Aires; aliás, eles não têm Buenos Aires... E o castelhano chileno é muito mais gostoso de ouvir do que o dos portenhos. Chilenos enfrentaram o fim do governo Pinochet com galhardia e elegeram a primeira mulher à presidência - Isabelita e Cristinita não contam. Durante muito tempo, o Chile manteve sua economia nos eixos. E, como se nada disso bastasse, Pablo Neruda, Violeta Parra e Victor Jara nasceram no Chile.

Um país tão bacana veio abaixo com o terremoto do fim de semana. Junto com casas, prédios e pontes, ruiu também a auto-estima chilena e abriu-se caminho para um vandalismo digno de torcida uniformizada paulista.

Quando isso aconteceu no Haiti, o choque vinha com justificativas: linha da miséria, negros historicamente explorados, etc, etc. Nas cenas enviadas do Chile não havia um negro miserável saqueando supermercado. Havia uma população branca, com ares de classe média vilipendiada e completamente fora do eixo. Forte e revoltada o suficiente pra tacar fogo em supermercado já esvaziado pelos saqueadores ou arrastar geladeiras estalando de novas pelas ruas...
O racismo disfarçado de politicamente correto busca as explicações para o salve-se quem puder na terra do Concha Y Toro...


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Este blogueiro saúda o povo, pede passagem e anuncia suas férias. E já avisa que não vai atualizar post durante suas andanças pela Indochina. Tô indo pra passear e esquecer, na maior parte do tempo, que existem computadores, e-mails, etc. Férias à moda antiga, saca?

Crianças, no tempo em que os animais falavam e a Hebe era morena, a gente tirava férias MESMO. Se viajasse pra fora do país, então, era aquela farra: nenhuma notícia durante 20, 30 dias. Quem ia nos buscar no aeroporto tinha que contar tudo no caminho de volta: morreu o deputado tal, a atriz tal casou, o cantor X fez isso, choveu, inundou, secou... Tudo era novidade e espanto. (Nessa época, quando nascia uma criança, a primeira pergunta era: "é o quê, menino ou menina?". O suspense era uma delícia).

É claro que vai ser impossível ficar longe do e-mail, ao menos uma vez por semana. Mas nada de blogar diariamente, twittar a cada cinco minutos, fazer fotoblog imediato... Não! Quero descobrir os lugares e não levar o meu mundinho até eles.

Tenho certeza que vocês vão se comportar bem durante minha ausência e já podemos marcar um encontro em plena semana santa. Vou sentir saudades e resistirei bravamente à vontade de "escrever só um pouquinho". Meu cérebro quer se alimentar - ele merece, tadinho.
Beijos a todos e hasta la vista, babies.
(por favor, não contem a Gilberto, o Alcaide... )