segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Meires brigam, Chagall redime




Deu no jornal hoje - e tem muito a ver com o post da semana passada. Uma pesquisa da Fiocruz mostrou que 87% das adolescentes experimentam na prática algum tipo de violência em suas relações. E uma boa parte delas, vejam só, nao é a que apanha, mas a que bate. Dona Meire, de Araçariguama, deveria usar isso em sua defesa pra recuperar o emprego.


Na reportagem publicada no Estadão, alguns especialistas apontam para os perigos decorrentes desse hábito insalubre - o de apanhar ou bater em irmãos, namorados e colegas. Um dos mais graves é o que indica uma vida adulta marcada pela violência. A menina de 13 anos que não termina o namoro com medo da reação do namorado... dá pra imaginar a mulher que ela será?

Se juntarmos essa pesquisa à luta-livre orientada por dona Meire e acrescentarmos ainda as histórias de meninas que tentam resolver seus problemas apelando pra violência - Suzane Richtoffen é o exemplo mais imediato, mas tem aquela moça que serviu bolo envenenado pros filhos do amante - vamos ter de encarar o pesadelo: o homem não é mais o único a manejar a clava. Triste constatação. O trogloditismo se espalha.

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Falta de dinheiro não é desculpa. É gratuita a entrada para a exposição "Virada Russa", no Centro Cultural Banco do Brasil. até 15 de novembro. O cofre, no subsolo, guarda os cartazes e pinturas mais obedientes ao chamado realismo socialista, com imagens que chamavam o povo à luta revolucionária. Ali ficam também algumas peças da "arte útil", que era uma maneira de os artistas continuarem a exercitar seus dons sem desagradar o governo: as bandejas e as amostras de tecidos são deslumbrantes.
Mas é no terceiro andar, onde começa a exposição, que está a tela "Passeio", de Marc Chagall. Pintada em 1917, ano da revolução, a tela mostra o pintor e sua mulher passeando pelo campo - ela flutua no ar, como sempre acontece com os personagens de Chagall. Só essa tela já justifica a ida ao centro. São instantes de contemplação, que nos afastam das meires e nelsinhos da vida. E nos deixam mais contentes.


6 comentários:

  1. oi Mário - do jeito que a coisa anda, com donas Meires mandando a filha descer o braço (onde foi parar a delicadeza, feminina ou não?), ir ver o Chagall devia ser obrigatório.
    Ainda que eu desconfie que dona Meire, mesmo que ficasse amarrada durante horas diante da obra-prima do Chagall, tivesse engulhos de descer o braço naquela mulher voadora e naquele pintor safado que fez aquela bobagem...
    Me sinto cada vez mais dinossaura, ainda mais que sou do tempo em que Araçariguama (que conheço) era uma cidadezinha bucólica, com um rio e um parque, onde se veem pedras calcárias onde as araras afiavam os bicos - razão do nome indígena, aliás. Será que dona Meire sabe? Ou acha que as araras afiavam os bicos só pra se bicarem ferozmente umas às outras?
    Neusa

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  2. Neusinha, eu te conheço há tantos anos e nunca desconfiei que vc conhecesse Araçariguama...
    Pensei que os seus domínios geográficos se estendessem de Veneza ao Porto e de Cannes a Torrinha.

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  3. Não vou responder à tão tosca provocação, MV!
    Neusinha, a tal Meire jamais passeou com alguém que a fizesse se sentir tão leve. Acho que isso causa um certo desamor e desesperança nas pessoas, né não?

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  4. Caros, a Ana matou a charada - dona Meire nunca viu estrelas junto com alguém... Dá nisso! Espancadores radicais! Tivesse ela andado por algum gramado de mãos dadas com alguém e compartilhado algumas aulas de anatomia a dois, ela e o mundo estariam melhores.
    Mario, quanto a eu conhecer Araçariguama, nem te conto... Até Itapevi eu conheço - não que enriqueça nenhuma biografia, mas amadurece pra vc entender porque Paris é tão interessante...
    bjs

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