Começou a moralização nacional. Chega de bandalheira. Fora, terroristas da moral e e da ética. Fortaleza deu o pontapé inicial da grande virada. Depois de esclarecer todos os casos de turismo sexual envolvendo crianças que abordam visitantes nas praias, a polícia cearense colocou atrás das grades um italiano degenerado, preso em flagrante por ter beijado na boca sua filha de 8 anos. Dizem que o sacripanta também fazia carícias íntimas na menina.
A culpa disso é a TV, vocês sabem. Esta semana mesmo, no Universal Channel, uma das incontáveis reprises de "Law & Order - Special Victims Unit", mostrou o caretésimo detetive Eliot Stabler beijando suas três filhas com um escandaloso selinho nos lábios. Foi aviltante. Deve ser sido inspirado no ator Christopher Meloni que o tal italiano fez o que fez.
Como todo brasileiro sabe - e os brasileiros das capitais nordestinas sabem mais que os outros - bom mesmo é ver criança se prostituindo por 5 reais. Ou caídas, feito zumbizinhos, cheirando cola e fumando crack. Decente mesmo é a mãe que pega a filharada, mais os filhos dos vizinhos, e leva pra alguma esquina, onde as crianças maltrapilhas vão passar o dia pedindo um trocado a quem passa. Algumas delas são mesmo iniciadas nos mistérios do capitalismo e, em vez de esmola, vendem panos de prato. Outras, com dotes artísticos, fazem malabares e até pirâmides humanas diante dos carros. O Brasil sabe mesmo dar exemplo de como incentivar, cuidar e educar uma criança.
O pai que beija a filha é um criminoso. A mãe que serve café expresso para a filha de 5 anos trabalhar como atriz em seriados e novelas, essa mãe é uma batalhadora. O que as notícias não esclarecem é quem denunciou. A família - o italiano é casado há 12 anos com uma cearense e passava férias no Brasil - estava numa praia pública. Mas a polícia brasileira não é internacionalmente conhecida por sua agilidade em coibir atos criminosos. Portanto, alguém botou a boca no trombone. E o delegado, que viu no caso a chance de aparecer bonito no noticiário, meteu o safado no xilindró.
É o Ceará dando o exemplo da moralidade. Começa assim, em casa. Depois, é só aplicar os mesmos princípios severos em funcionários públicos corruptos, em políticos salafrários e em tungadas do governo em cima do nosso bolso. Cara, não é que pode dar certo?
Mário,
ResponderExcluiresse é outro caso Escola Base. O Brasil tá virando o país dos dedos duros. um casal de dedos duros denunciou o italiano. Vamos rezar para que o homem não seja assassinado na prisão.
E nenhum jornalão tá cobrindo esse caso como se deve.... Vergonha!!!
O Suíço não aprisionou e teve filhos com a própria filha, durante anos? Aí podem dizer: ah, os europeus são mais liberais mesmo! Isso não é liberalidade, né gente. É sacanagem da grossa. Não sei porque, mas me fez lembrar do A Deriva, (vc viu?) foi só eu, ou tinha sim um climinha de incesto entre pai e filha naquelas praias de Búzios? rs :))
ResponderExcluirJá ocorreu a alguem que de fato o italiano estivesse bolinando a filha e que o casal fez o certo, ao denunciar o abuso contra criança?
ResponderExcluirNão é porque o nordeste tem criança se prostituindo por cinco reais, que uma pessoa pode ver alguem abusando de uma, na sua frente, na piscina de um hotel e não fazer nada.
De repente o casal foi muito legal, pois imagine a dor de cabeça que dá denunciar alguem, principalmente sendo turista estrangeiro, sabe-se da tolerancia absurda que se tem com eles em nossas terras, de ter de ir depor na delagacia, a maioria se omite por causa disso.
Eu aguardaria as investigações. Tanto pode ser obra de puritanismo e do terrorismo sadico que se tem feito da pedofila, como pode ter sido uma ato super cidadão. Não duvido se venha descobrir que o italianoc casou com a brasileira só para poder bolinar uma criança. Vai saber...
Eu assisti A Deriva Heitor, foi meio estranho mesmo rsrs
ResponderExcluirMas, gente, eu dou selinhos no meu pai, minha mãe e até irmãos!!! Normal! Sem maldades, a onda de pedofilia está tão grande q hoje em dia tudo é pedofilia.
Um rapaz de 20 anos foi preso pq a namorada de 15 enviou fotos para ele nua.
Ando de mãos dadas com a minha mãe e ultimamente as pessoas olham estranho para nós.
Pessoal anda muito retraído e desconfiado, é bom, mas anda assustando, nem sabemos mais como nos portar em público...
Ontem, vi a reprise de um programa Happy Hour, pilotado pela Astrid Fontenelle, em que se discutia isso. Os debatedores davam como certa a ação de pedofilia do italiano. Achei precipitado - mas também, por jogo de espelhos, achei que eu posso ter me precipitado em inocentar o cara.
ResponderExcluirO Vita lembrou o caso da Escola Base... realmente, mas a gente pode errar também atirando pro outro lado... Gente, é muito complicado viver em sociedade, especialmente numa sociedade que comete as maiores atrocidades, mas faz questão de posar de puritana.
Eu prefiro acreditar que o italiano não é pedófilo. Tentando pensar como um pedófilo, eu não agiria à luz do dia, beijando e bolinando uma criança em plena piscina de hotel ou algum outro lugar público. Não. Eu agiria na surdina, na sombra, no escondido - é onde o terror surte mais efeito. O pedófilo conquista terreno porque a vítima se sente fazendo algo errado. O que vcs acham?
Eu não sei se ele é pedófilo, mas é possivel tirar essa informação da garota, os psicólogos forenses tem técnicas para isso.
ResponderExcluirSe for, bem feito, essa noticia chega na europa e quem sabe ajuda a diminuir o turismo sexual por aqui.
A impunidade no Brasil é tão alardeada que não é nada dificil que o cara tenha se sentido livre para praticar libidinagens com a garota em plena luz do dia e na presença de testemunhas.
O pedófilo conquista terreno e está mais suscetível á acusações, por isto, creio eu, q ele não iria fazer isto em plena luz do dia.
ResponderExcluirOu fez, pq depois fala q é filha e tudo fica numa boa.
São coisas tão fora da razão q é até difícil, explanar...
Tati
Agora virou normal no Brasil que as pessoas tenham que provar inocência. Quando, pelo Direito, é justamente o contrário: quem acusa apresenta as provas.
ResponderExcluirNão vamos cair no jogo que uma imprensa irresponsável pratica. E até onde vejo o cara já foi condenado. Prefiro acreditar que ele é inocente até que se prove o contrário. É o que o bom senso e o próprio Direito recomendam.
Prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém, dizem os mineiros. É a opinião de um simples corintiano que optou por não ter filhos por achar que não tinha competência para criá-los nesse mundo. E continuo pensando assim.
A sociedade é muito hipócrita em relação às crianças. Se escandaliza com um suposto crime sexual contra uma criança, mas dorme tranquila vendo na rua as crianças drogadas em plena cracolândia. Trabalhei naquela região durante quase dois anos e vi cenas terríveis atentatórias à dignidade humana. Me perguntava, como Primo Levi, sobrevivente de campo de concentração: "é isto um homem?"
"É isto uma criança?", me perguntava diariamente. Mas, para a sociedade o destino delas já está decidido, como o do italiano beijoqueiro: são bandidos, não importa a idade, é melhor que morram. E morrerão com certeza porque o crack é uma verdadeira bomba relógio. Mas virão outros para as ruas, expulsos de suas casas, onde são vítimas de violência (inclusive sexual) e da fome. São crianças que ninguém adota. E aí podem me perguntar, porque você não os adota, já que os defende tanto? Já respondi antes, decidi não ter filhos. É a minha contribuição para a sociedade.
Mas podem me perguntar: e se eles te acatarem? Se me atacarem vou me defender, não quero ser ferido. É meu instinto humano de sobrevivência. Mas não vou criar grupos de extermínio para resolver o problema.
Sabem porque ninguém olha para essas crianças da cracolândia? Porque ninguém as beija na boca!!!
Quantos meninos e meninas devem estar sendo estuprados agora naquela região e ninguém está preocupado com isso. Porque ninguém os beija na boca!!!
Minha campanha para acabar com o drama dos drogados na cracolândia: Vamos beijá-los na boca, assim seremos presos e o problema dessas crianças será resolvido por esse Brasil de olhos azuis, cabelos loiros e com muito dinheiro no bolso. E saúde para dar e vender.
Mais um comentário corintiano: um rapaz que assinou como anônimo falou do A Deriva.
ResponderExcluirVi o filme, acho um trabalho bonito e bem feito do Heitor Dhalia, apesar de ter algumas restrições ao roteiro e do jeitão de filme publicitário. Alguém reparou que não tem nenhuma criança negra no elenco? Aí vão me perfguntar: mas você quer cotas para crianças negrfas no cinema? Não, mas quero ver crianças negras, porque a história se passa numa praia brasileira, mas que parece uma praia escandinava (tem praia na Escandinária, além de bacalhau?) só com crianças brancas. Nem um pretinho, nem ao menos vendendo sorvete!!!
No filme é justamente o contrário: vemos o desabrochar de uma menina que está obcecada pelo pai. Mas se olharmos em termos freudianos, não é motivo de grande preocupação, é uma fase e vai passar e o final do filme mostrar que é o que vai acontecer. Mas se olharmos com os olhos de Nabokov, ela tem um pouco o ar de Lolita.
Acho Lolita um grande livro e o filme do Kubrick um grande filme por mostrar que o adolescente, não é necessariamente esse puto (no caso me refiro aos anjinhos renascentistas, como os pintores italianos os chamavam) de quadro de museu. No livro, a jovem é uma grande manipuladora e o homem é sua vítima. Por favor, ele não é um estuprador.
Esse negócio de sociologizar para se perder o motivo da contestação, ao pergutnar que se todos se omitem nisso e naquilo porque agora não se omitir, não leva a nada minha gente.
ResponderExcluirRespondendo ao Vita, não é porque tem criança tratada como lixo na cracolância, que uma pessoa de bem pode admitir abuso sexual debaixo de seu nariz, podendo fazer algo.
E outra coisa, quando a gente vai para o outro pais tem que tomar cuidado com os usos e costumes, respeitar. Mesmo celinho entre pais e filhos não é tão comum assim por aqui, então os turistas que se informem antes de vir para a terra brasilis. Tipo, não mostre a sola do sapato para um chinês que ele se sentirá ofendido ou não faça top less que no Brasil é ilegal.
E criança seduzindo e trepando com adulto é interessante na ficção, para mostrar o caldeirão de paixoes em que vivemos, mas na real, o abuso pode destruir um projeto de ser humano.
A coisa mais bem feita que fiz na vida foram meus filhos, ao defender outras crianças é neles que penso. E em mim, criança tendo a possibilidade de ter sido abusada por alguem. Nossa se com muitos menos eu fiquei anos no divã, imagine se tivesse passado por um trauma desses.
Conheço alguem que foi abusada pelo pai, é trelélé até hoje.
Em tempo, desculpem
ResponderExcluirSelinho e não celinho porque eu não estudei na esola bilingue da Sacha.
Gostei da defesa apaixonada do Vita. Mesmo. E da contestação da Ester, que tocou num ponto crucial da nossa hipocrisia verde-amarela: aqui é proibido fazer top less!!!! 8 mil km de praias maravilhosas, uma sensualidade explodindo nos ares e a mulher não pode mostrar os seios... Ô gente falsa!
ResponderExcluirVolto ao ponto original. A Ester disse: e se o cara for culpado? E eu digo e se o cara for inocente?
ResponderExcluirNo caso da Escola Base, eram todos inocentes. Destruíram a vida de todos. E eu conheço o jornalista que jogou gasolina na fogueira. Continua até hoje na TV Globo. Dorme tranquilo todas as noites. Talvez tenha filhos.
Repito: O cara deve ser investigado e julgado em liberdade, com amplo direito à defesa, como todo cidadão branco e de olhos azuis desse país.
Estive sábado numa festa de gente branca e de olhos azuis e relatei o caso do italiano. As pessoas da minha roda, principalmente os mais jovens, ficaram revoltados. E me contaram que já haviam beijado (selinho, claro, lingua recolhida ou amputada) suas mães e seus pais na BOCA. Um deles me falou: Isso é normal na minha família. Talvez seja uma família degenerada, apesar de ser branca e de olhos azuis.
Em tempo: no que escrevi antes não defendi em menhum momento adultos treparem com crianças. Para entendermos melhor a realidade é preciso ler cada vez mais a ficção, minha gente. Ficção não é um mundo a parte. Ele não se dissocia da realidade. Eu só citei Nobokov por causa do filme do Dhalia. Continuo achando o livro extraordinário: quem lê a obra e só vê a história de um velho tarado querendo comer uma adolescente, não entendeu nada. Recomendo recomeçar com Lucíola do José de Alencar até chegar à literatura contemporânea.
Eu nunca li o Nabokov. Nem a Lucíola. Nem o Paulo Coelho. Mas li coisas muito legais, juro. rs.
ResponderExcluirEu acho que o italiano é inocente. Nem todo europeu que desembarca em Fortaleza é um tarado sem controle. Mas que o caso precisa ser investigado, precisa. Até mesmo pra mostrar, em caso de inocência, que houve excesso.
E o caso da mãe brasileira que foi presa na Itália por matar a filha? Gente, esse mundo, sei não.
p.s. Alguém viu na última página da Ilustrada o anúncio infeliz de uma rádio comemorando o Sete de Setembro? Sob uma imagem de D. Pedro I, a frase: "Se não fosse ele, até hoje a gente estaria ouvindo fado". Tô com vontade de escrever pra rádio e espinafrar.
Pôxa, espinafra mesmo... fado é lindo!! (por sinal, na Vl Madá tem um pastel de espinafre que é diliça) :))
ResponderExcluirè o tiro da moralidade saindo pela culatra...
ResponderExcluirFiz um curso de História da Arte e a professora resolveu discutir uma tela do Munch - "A Puberdade". O Munch foi declarado pedófilo por uma louca por retratar uma adolescente nua!!!! Quase infartei!!
ResponderExcluirAndo de saco cheio com essas 'notícias' de pedofilia. E senti um certo ar de xenofobia nos comentários...
Vejam o comentário do Luis Nassif sobre esse episódio:
ResponderExcluirhttp://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/09/07/raio-x-de-um-linchamento/#more-32890
Humildemente visto a carapuça da crítica da Ana sobre um certo tom de xenofobia que possa transparecer dos meus comentários, mas justifico que identifiquei o acusado como "italiano" porque não sei o nome do cidadão.
ResponderExcluirE se já não bastassem os nossos canalhas, os de fora ainda vem para cá para tirar uma casquinha. É muito irritante ver turista, não importa de que nacionalidade sentado em barraquinhas ao lados de meninas, se aproveitando da nossa "liberalidade" sexual.
E o Nassif defende por uma questão de estilo, defendeu até a Rischtofen, acho legal ele fazer isso. Eu tambem a defendi, porque todos temos direito a ampla defesa e a dela estava sendo cerceada. No caso do turista italiano foi flagrante, pela legislação brasileira ele tinha que ser preso mesmo. Agora impetrará habeas corpus, pede licença para viajar e por ai vai. Por isso eu vibro quando penso na Sonia Hernandes nso Estados Unidos, andando de algemas nos pés.
Não tenho mais argumentos racionais sobre esse assunto. Estou lendo os jornalistas que estão preocupados com o contraditório e procurando mais informações. Se alguém se interessar, a cobertura do Blog do Nassif está excelente e serena.
ResponderExcluirTomara que não matem o carcamano que já foi condenado pelo tribunal de exceção que se instaurou nesse país. Imagina se existisse pena de morte no Brasil, como seria. Por isso é que não pode ter, porque senão a paixão vai ter peso maior do que as provas.
Proponho que algum deputado do PFL ou do PSDB apresente artigo mudando a constituição: "Todos são culpados até que comprovem sua inocência".
Minha única irracionalidade é torcer pelo Corinthians. Também é minha única religião. Ah, e tenho instintos assassinos quando perdemos o jogo.
Mudando de assunto: sugiro a leitura desse texto do Beluzzo sobre nossa imprensa, na última Carta Capital, com íntegra no blog do Nassif. E olha que ele é palmeirense e mesmo assim gostei do que li:
ResponderExcluirhttp://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/09/07/eleicoes-e-midia/?cp=2
Tbm não li Nabokov, por q não tive saco mesmo, vou esperar o dia q serei largada em uma ilha deserta somente com este livro, então não terei alternativa.
ResponderExcluirContinuo procurando informações, acho q está muito fácil acusar á todos, sem provas. Pedofilia está na moda? Sei lá...dá medo discordar da maioria hoje em dia, algumas pessoas não gostam de discórdia, não sabem dialogar, mas mesmo assim, continuo discordando, com argumentos coerentes, é claro...
Não sei se é moralidade, mas creio q muitas pessoas não conseguem tirar suas conclusões, apenas aceitam o q está na mídia (ou moda, como desejarem).
Tati