Justiça boa é assim, rápida. Não deu nem 24 horas e o governador José Serra, mais o alcaide Gilberto, encontraram o culpado pela catástrofe de terça-feira: São Pedro (retratado aqui ao lado, com expressão premonitoriamente culpada, por El Greco). Justiça seja feita, o santo realmente deu uma tremenda bola fora, deixando cair um pé d'água dos diabos.
O resultado foi o que se viu: o rio subiu, as marginais ficaram inundadas, houve alagamento em dezenas de pontos e o caos implantou-se. Isso foi o que eu, você e a torcida do Corinthians vimos. Menos o secretariado do alcaide. Um deles, acho que o de Vias Públicas, não tenho certeza, teve o desplante de ir ao rádio e dar entrevista para dizer que "não, o rio Tietê não encheu, foi a marginal que não deu conta da água". O locutor disse que o secretário precisava de óculos, mas eu diria mais: precisa de vergonha na cara.
Uma coisa é administrar uma cidade perpetuamente à beira do caos. Quando ocorre uma catástrofe atmosférica, inesperada - foi o caso de terça-feira -, os prejuízos são quase inevitáveis. Outra é fingir que nada aconteceu, é tentar convencer o cidadão, que levou 5 horas pra voltar do trabalho pra casa, que aquelas fotos no jornal são armação.
No momento, quem acompanha o noticiário da cidade, pode notar dois movimentos simultâneos. Num, a prefeitura e mesmo os jornalistas tentam culpar as vítimas pelas tragédias. A administração cortou 20 por cento da verba de limpeza pública, mas a culpa pelos sacos plásticos boiando na enchente é do povo, que joga tudo na rua. Joga, é verdade - mas a prefeitura não tem recolhido o lixo, também é verdade. Outro culpado: os pobres, cujas casas foram destruídas por avalanches (em alguns casos, houve mortes). No Estadão, alguém diz que "as famílias foram avisadas há um ano que a situação era de risco, mas não mudaram". Ou seja: não quis mudar, foda-se. Por que, em vez de construir seu barraco na barranqueira, o sujeito não pegou um terreninho plano, bacana? Vê lá se inundou o Jardim Europa.
Outro movimento é o que, talvez, Gilberto, o Alcaide, ainda não tenha se dado conta. Começou a fritura do prefeito, promovida por aves de bico longo e canto desconhecido. A saída de Andrea Matarazzo, preposto do governador na prefeitura, pode ter sido a última boia que Gilberto teria pra se salvar do tsunami que vem por aí. As merecidíssimas críticas à administração municipal - até pouco tempo sem espaço nos jornais e revistas da cidade, assumidamente ligados ao tucanato - começaram a pipocar. O caos de terça-feira foi o querosene que jogaram na fogueira pra apagar o incêndio. Ou seja...
p.s. Não é que eu esteja minimamente preocupado com o destino político de Gilberto. Mas, assim como aconteceu com o video da Vanusa tropeçando no Hino Nacional, acho que vamos sentir muita vergonha de assistir o espetáculo da fritura. Nenhum dos envolvidos é conhecido por jogar limpo.
Mário, o certo, como dizia o saudoso Julinho, é "houveram problemas". Justo vc que é dramaturgo....
ResponderExcluirSegundo a Fundação Cacique Cobra Coral, especialista em fazer chover ou parar de chover (sic), o que caiu não foi 1% do que virá. Espero, sinceramente, que na próxima tromba d´água, o excelentíssimo alcaide esteja gravando uma peça publicitária no alto de um morro... Que a enxurrada o leve!
ResponderExcluirMV, no tempo da Tia Erunda a chuva era causada pela própria, lembra-se?
eu me incomodo com comentários como: não há crise. o brasileiro não vai sentir o impacto da crise. quem tem salário, quem é funcionário público, não percebe tanto a crise. mas os empresários estão sofrendo. não entendo com esse jeito de administrar de tentar camuflar as catástrofes. não dá. mascarar é pior que cidade limpa. beijos, pedrita
ResponderExcluirO pior que já fizeram isso nos anos 70 (a gente lê nos livros de história), com a crise do petróleo que jamais atingiria o Brasilzão. Deu no que deu.
ResponderExcluirAna e Vita, essa história de Gilberto culpar as administrações anteriores é um vexame. Parece aquelas crianças chatas que aprontam e, pra se defender, falam: "foi ele que começou".
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ResponderExcluirÉ, Mário, acho que você tem razão, o que pega é a questão política. Mas me irrita ver usarem mais uma vez, a estratégia facil, de culpar o prefeito de plantão pela enchente, para derrubá-lo politicamente.
ResponderExcluirQuando será que a população vai se educar e saber que prefeito nenhum é culpado isoladamente pela enchente nessa cidade maluca e, ao mesmo tempo, todos o são, por permitirem a cada mandato a urbanização mais desonesta, desrepeitosa, assintosa mesmo, aos cidadaães e ao meio ambiente.
Quando será que, no lugar de querer derrubar o prefeito, iremos exigir mudandas na lei organica do Municópio, que permite que mais predios sejam construidos em áreas cada vez menores?
Quando será que teremos consciência de que não havia dinheiro para Metro, não havia mesmo, o país viveu em crise e recessão por décadas,a arredcadação era pífia, nenhum governande, de nenhuma coloração politica daria conta dessa tarefa.
Quando será que a cidadania substituirá o discurso político?
É facil culpar o Kassab, a Marta, a Erundina,o Serra o Lula, faz parte da nossa cultura judaico-critão, culpa é com a gente mesmo. Enquanto isso as incorporadoras e empreiteiras fazem a festa, se lixando se mais tarde um bando de pobres coitados perderão seus filhos e seus bens, tão duramente conquistados ou se muitos levarão cinco preciosas horas de suas vidas somente para retornar para casa.
em tempo: acinte e não assinte, sorry
ResponderExcluirSe a fundação Cacique Cobra Coral estiver certa, e com a ajuda do Gilberto, a cidade deve se submergir em breve. Com o derretimento das calotas polares, o nível doa mares subindo... gente, eu moro quase na Paulista! Isso quer dizer que em pouco tempo eu vou morar na beira da praia!!! Uh uh!
ResponderExcluirEster, vc não deixa de ter razão. Acinte é com 'c' mesmo.
ResponderExcluirMas no caso do prefeito... Mas eu achei que ficou parecendo um jogo de empurra-empurra a declaração do prefeito, culpando as gestões anteriores. Coisa de criança cagona e dedo-duro - bom, isso faz sentido... Enquanto eles ficam jogando caca no mingau um do outro, desvia-se a discussão sobre o que fazer para, efetivamente, evitar ou reduzir o eterno problema das enchentes.
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ResponderExcluirMuito além da correção do português, Mário, eu me recuso a fazer política do mesmo jeito que fazia quando tinha dezoito anos. Não aguento mais opotunismo político de nenhum lado e muito menos discussão rala sobre o que acontece na cidade, no estado e no pais.
ResponderExcluirÉ hora de dar um salto de qualidade, eduquei meus filhos para terem uma visão complexa, entenderem quando nego está jogando para pegar o lugar do outro, jogando com a opinião com o único objetivo de faturar uns votos ou não.
Não aquento mais, por exemplo, a apologia à reciclagem de lixo, de ver coletas paralelas feitas por gente miserável, enquanto a industria enche as burras de diheiro sem jamais ser questionada e os consumidores burgueses e de classe média beberem o conteído das latinhas, para depois os desgraçados virem buscar a lata na porta da casa deles. E ainda se acham grandes benfeitores da natureza, além de filantropos, acham lindo pobre catar lixo.
Quero um dia, o que acontece na Alemanha, a consciencia ambiental chegar ao ponto de a sociedade não engolir novas embalagens poluentes de jeito nenhum.
Ou se faz politica como gente grande ou me recolho a minha insignificância, não vou mais contribuir para essa pobreza de debate.
Eu faço separação de lixo no meu prédio. Mas confesso que me sinto um bobo. Será que funciona?
ResponderExcluirOtávio, a gente pode montar uma barraquinha pra vender refri e pastel pro povo do engarrafamento - vc acha que não vai ter engarrafamento pra praia da Paulista? É nóis, mano!
"E quem sabe, então
ResponderExcluir"São Paulo" será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos..."
SENSACIONAL, HEITOR!
ResponderExcluirE EU ADORO ESSA MÚSICA DO CHICO (novidade...)
Bem,
ResponderExcluirEu faço modestamente minha parte. Em minha casa de pau a pique fiz um local de ocmpopstagem. Coloco todas os restos de alimentos (crus) e cascas nesse local e, depois de um mês, vira terra. Isso mesmo, com direito a tatu bola e minhocas alegres e gosmentas. E não fica com cheiro ruim. Fica com cheiro de terra. Depois eu coloco essa terra nos vasos. Misturo também com cinzas da chgurrasqueira. Enfim, esse lixo se transforma em terra.
Com isso deixo de colocar para a coleta muitos quilos de detritos....
Minha casa é quase autosustentável. Só me falta uma máquina de fazer dinheiro....
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ResponderExcluirBoa sacada, Heitor!!!
ResponderExcluirOtávio, vc receberá uma sem-teto de Higienópolis?
Aliás, a rua Alagoas nã fica muito a dever à favela Pantanal em dias de chuva!
Vitinha,lhe pergunto: adianta fazer compostagem se dinheiro não dá em árvore? hehehehe
Mas Ana, tou preocupado com o planeta!!!! Que ele pelo menos dure enquanto eu estou vivo. Depois é cada um por si....
ResponderExcluirMário, permita-me um comentário fora do contexto do seu artigo, é que achei importante e preferi correr o risco de ser impertinente. Quero parabenizar a equipe de PP pela abordagem sobre o "tráfico de mulheres", esse é um grande problema no Brasil, aqui no Centro Oeste o índice é altíssimo. Apesar dos riscos que o tema traz, a forma como a personagem Lígia está enfrentando o problema, é motivo de orgulho para as mulheres,não se pode calar diante de fatos assim. PARABÉNS! Edi
ResponderExcluirObrigado, Edi!!!!
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