sábado, 4 de abril de 2009

A culpa é da Marisa

-- O senhor sabe por que prenderam a dona da Daslu?

Eu, que leio jornais e sigo o noticiário, sempre imaginei que sabia a resposta. Mas o tom do taxista indicava que eu estava enganado...

-- Foi a dona Marisa.

Opa, como assim? A primeira dama?

-- A dona Marisa foi lá e não atenderam do jeito que ela queria. Ela mandou o exército lá.

É surpreendente a imaginação popular. Quem escreve para teatro, tevê, cinema precisa comer muito arroz-com-feijão até chegar na inesgotável capacidade que o povo tem pra inventar. Mas reconheço que o taxista que me levava à Praça Roosevelt na sexta-feira atingiu um ponto alto.

O cara chegou a dizer que a Eliane Tranchesi era uma coitada, uma vítima das maquinações ardilosas de uma primeira dama que nunca fala. E isso também era motivo pra crítica. "A mulher não faz nada. Devia fazer umas benfeitorias, ajudar os pobres". E ele acompanhava o raciocínio de alguns termos pouco abonadores quando aplicados a primeiras-damas.

E não havia uma palavra sequer sobre a farra do boi gordo que era o convívio da Daslu com as notas fiscais. Era como se sonegar, falcatruar, trambicar, se tudo isso fosse absolutamente perdoável- já que a culpa era da dona Marisa...

Eu só tive de concordar com ele numa coisa. "Você já ouviu aquela mulher falando? sabe como é a voz dela?" Não. Eu não lembro...

4 comentários:

  1. Taxista porreta, este hein...

    Olha esta cena: Eu, ano passado, no Centro Cultural SP, na fila pra ver Vestido de Noiva. Passa um cara, jovem, violão nas costas, cabelão, e me aborda.
    - Que fila é essa, cara?
    - É pra ver Vestido de Noiva.
    - Ah, é desfile?
    - Não, cara, é teatro.
    - Ah... mas é o que, drama, comédia...?!
    - É Nelson Rodrigues, cara.
    - Ahn... e quanto é?
    - Olha, não sei o valor exato...
    - Pô, c tá na fila e não sabe quanto custou?
    - Eu ganhei convite, cara.
    - Sei... e onde compra?
    - É ali, ó... Apontando a bilheteria.
    - Falô, aí...
    Saiu andando, me deixando com cara de sei lá o quê.

    Pode, Mario?!

    ResponderExcluir
  2. DE tudo o que me chamou a atenção foi você não definir Vestido de Noiva como drama... rs...
    Naquele CCSP, eu já ouvi de tudo. Até uma mina que passava vendendo "natural, Prestígio natural"...
    Mas um dia a justiça será feita e o CCSP revelará sua verdadeira identidade: Memorial de Raul Seixas. É o derradeiro reduto hippie do planeta.

    ResponderExcluir
  3. Se "quem cala, consente", o motorista tem razão!!! A culpa é da da. Marisa, com certeza!
    Pobrezita da Tranqueira.

    ResponderExcluir
  4. Adorei essa, enfim a dona Marisa descobriu alguma coisa para fazer. (sérgio roveri)

    ResponderExcluir