sexta-feira, 17 de abril de 2009

Notícias do Brasil

É o mesmo país. É o mesmo rincão do planeta.

Em Brasília, um senador potiguar transforma uma espécie de vale-passagem aérea em 118 mil reais e entrega a bufunfa à viúva de um colega. Diz, depois, que não sabia que isso era proibido. E ainda tripudia: "Ela estava desesperada. Agora, quem tá desesperado sou eu". Adriane Galisteu ganhou passagens aéreas do namorado, levou mãe, amigos e companhia bela para sabe Deus onde. E só agora descobriu que as passagens eram pagas com dinheiro público. Adriane diz que vai devolver o dinheiro, mesmo não tendo culpa no cartório. Mas anunciou que quer levar o ex-namorado ao seu novo programa na Band, para que ele se explique em rede nacional. E não é que a loira acaba faturando?

Em Manaus, uma indiazinha ianomami de 1 ano e meio está há meses internada com hidrocefalia. Precisa ser operada, as chances de sobrevivência existem, mas são pequenas. Os pais foram ao hospital tirar a filha da UTI. Querem levá-la para sua aldeia, no coração da floresta. Se seguirem as tradições ianomamis, a menina será sacrificada ao chegar à aldeia. É a lei da sobrevivência na selva: os fracos e incapazes são eliminados, não dá para carregar fardos inúteis pela mata adentro. Médicos e juristas do Amazonas estão armando um barulho, não querem deixar a menina sair do hospital. O representante da Funai diz que não tem jeito, que é preciso preservar as tradições silvícolas. Lá pelas tantas, defendendo seu ponto de vista, o sujeito compara o sacrifício ao debate sobre eutanásia. Mistura-se tudo no caldeirão do Brasil.

Em São Paulo, uma deputada politicamente correta aprova um projeto que proíbe a venda de coxinhas, empadinhas, doces e refrigerantes nas escolas do Estado. Agora, só suco natural, sanduíche natural e, talvez - a notícia não especifica - doce de gergelim com cobertura de tofu. A intenção é ótima, mas quem deu a esta senhora o direito de escolher a tranqueirada que as crianças comem? Coxinha faz mal? Faz. Doce? Em excesso e sem escovação de dente, também. Mas o que é uma hora de recreio sem uma coxinha e um guaraná? Que infância terão as crianças sem uma paçoquinha Amor? Essa deputada não tinha coisa mais interessante para cuidar? Estimular a re-educação alimentar, por exemplo? Pegar o dinheiro que gasto com assessores e passagens - e aplicar, por exemplo, na contratação de dentistas para as escolas públicas?

E o governador aprovará uma lei dessas? Se o Lula ou algum governador petista cometesse essa insanidade, logo surgiriam campanhas contra os "atos ditatoriais", os "resquícios do totalitarismo" ou algum outro jargão da Direita Festiva que nos controla. Lula e Sua Gangue têm cometido vários excessos, mas essa besteira ainda não fizeram. Ainda. A gente nunca sabe...

E a indiazinha ianomami, sem passagem aérea de cortesia e sem noção do que seja uma coxinha de galinha, dorme seu sono ausente numa cama de UTI em Manaus...

2 comentários:

  1. olha Mário, essa história da indinha é um pavor... por que não operam essa pobrezinha logo, enquanto ainda existe alguma chance? Com essa demora toda, fica mais difícil segurar a onda da cultura nativa, que tem esse costume ancestral - que, nesse caso, acho que tem de ser desafiado. Pelo menos, enquanto a medicina dos brancos tiver algo a oferecer. Por que demora? A estupidez humana,a burocracia inútil, como sempre, predominando sobre a lucidez. Sera que a vida de uma indinha não vale nada? Por que nenhum médico chique, nenhum hospital rico, de outra região inclusive, não se oferecem para salvar a menina?

    Nessa história da cantina da escola, não concordo inteiramente com vc. A obesidade entre nós está rapidamente atingindo o patamar norte-americano. É só vc olhar uma foto da sua escolinha primária, de alguns anos (não direi quantos!) atrás e comparar com a criançada de hoje...
    Acho que, até porque crianças são menores de idade, as escolas têm que ter sim uma preocupação com o que oferecem as cantinas - e que, em geral, é só gordura trans e fritura, salgadinhos, refrigerantes. Não tem suco, fruta, nada saudável. Não precisa obrigar todo mundo a comer tofu... Pode ter paçoquinha Amor(aliás, dev!), algum docinho (brigadeiro, quindim). E evitar os salgadinhos que têm marcas ligadas a loiras da televisão. Só isso.

    bjs

    Neusa

    ResponderExcluir
  2. Eu sei, Neusinha, mas impor uma dieta natural é convidar o nego a fugir dela. Além do mais, essas coisas são bem mais caras.
    Também sou contra "salgadinho de loura", mas não é possível que não haja opção.O verbo "proibir" é muito perigoso e devia ser menos usado.

    ResponderExcluir