-- O senhor sabe por que prenderam a dona da Daslu?
Eu, que leio jornais e sigo o noticiário, sempre imaginei que sabia a resposta. Mas o tom do taxista indicava que eu estava enganado...
-- Foi a dona Marisa.
Opa, como assim? A primeira dama?
-- A dona Marisa foi lá e não atenderam do jeito que ela queria. Ela mandou o exército lá.
É surpreendente a imaginação popular. Quem escreve para teatro, tevê, cinema precisa comer muito arroz-com-feijão até chegar na inesgotável capacidade que o povo tem pra inventar. Mas reconheço que o taxista que me levava à Praça Roosevelt na sexta-feira atingiu um ponto alto.
O cara chegou a dizer que a Eliane Tranchesi era uma coitada, uma vítima das maquinações ardilosas de uma primeira dama que nunca fala. E isso também era motivo pra crítica. "A mulher não faz nada. Devia fazer umas benfeitorias, ajudar os pobres". E ele acompanhava o raciocínio de alguns termos pouco abonadores quando aplicados a primeiras-damas.
E não havia uma palavra sequer sobre a farra do boi gordo que era o convívio da Daslu com as notas fiscais. Era como se sonegar, falcatruar, trambicar, se tudo isso fosse absolutamente perdoável- já que a culpa era da dona Marisa...
Eu só tive de concordar com ele numa coisa. "Você já ouviu aquela mulher falando? sabe como é a voz dela?" Não. Eu não lembro...
Taxista porreta, este hein...
ResponderExcluirOlha esta cena: Eu, ano passado, no Centro Cultural SP, na fila pra ver Vestido de Noiva. Passa um cara, jovem, violão nas costas, cabelão, e me aborda.
- Que fila é essa, cara?
- É pra ver Vestido de Noiva.
- Ah, é desfile?
- Não, cara, é teatro.
- Ah... mas é o que, drama, comédia...?!
- É Nelson Rodrigues, cara.
- Ahn... e quanto é?
- Olha, não sei o valor exato...
- Pô, c tá na fila e não sabe quanto custou?
- Eu ganhei convite, cara.
- Sei... e onde compra?
- É ali, ó... Apontando a bilheteria.
- Falô, aí...
Saiu andando, me deixando com cara de sei lá o quê.
Pode, Mario?!
DE tudo o que me chamou a atenção foi você não definir Vestido de Noiva como drama... rs...
ResponderExcluirNaquele CCSP, eu já ouvi de tudo. Até uma mina que passava vendendo "natural, Prestígio natural"...
Mas um dia a justiça será feita e o CCSP revelará sua verdadeira identidade: Memorial de Raul Seixas. É o derradeiro reduto hippie do planeta.
Se "quem cala, consente", o motorista tem razão!!! A culpa é da da. Marisa, com certeza!
ResponderExcluirPobrezita da Tranqueira.
Adorei essa, enfim a dona Marisa descobriu alguma coisa para fazer. (sérgio roveri)
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