quarta-feira, 15 de abril de 2009

Aqui tem um bando de louco!


Pode ter sido desabafo do estresse dos últimos dias, a tensão pela estreia da novela (média de 13 em SP e 19, no Rio, onde ficamos por 6 minutos à frente da Globo!!!). Ou eu estava mais sensível que o de costume. Para aproveitar a inesperada folga dada pelo Lauro Cesar Muniz,corri à sala 2 do Unibanco Artplex -e me debulhei com "Fiel", o documentário sobre a torcida corintiana.


Eu sou um corintiano muito do meia-boca, não sei nome de jogador, descobri outro dia que o técnico é o Mano Menezes e só gosto de assistir decisão de campeonato. Mas a torcida corintiana tem uma força, uma energia e uma fé (não no sentido religioso) emocionantes, sempre.


O filme é dirigido por Andrea Pasquini e tem roteiro de Marcelo Rubens Paiva e Sergio Groismann. Ele até dura uns 10 minutos além do necessário e fica devendo entrevistas com torcedores 'manos' mesmo, daqueles negões, desdentados, magros feito a necessidade - aqueles que o preconceito une imediatamente à imagem da Gaviões. Exceto por um ou outro, boa parte dos depoimentos é de brancos, classe média, bem articulados... OK, ajuda a desmistificar o torcedor... Mas eu gostaria de ouvir os que nunca são ouvidos sobre a paixão que une todas aquelas pessoas.


Se fosse um filme sobre o Corinthians, apenas, poderia ser um bom filme. Mas "Fiel" ganha outra dimensão justamente porque é um filme que fala da torcida, das pessoas. É um filme humano, no melhor sentido, porque reconhece naquela massa apaixonada um fenômeno raríssimo de amor incondicional.


Quando o Timão foi rebaixado para a Série B, em dezembro de 2007, aconteceram duas ondas quase simultâneas: torcedores de todos os outros times criaram piadas para contar para algum amigo corintiano - e a torcida corintiana, sem nada previamente combinado, resolveu que apoiaria o seu time mais do que nunca. Quem andava por São Paulo naqueles dias era cercado por uma multidão de office-boys, motoqueiros, escriturários, idosos, homens e mulheres de todas as idades e classes, todos vestindo alguma camiseta do Corinthians. "Eu nunca vou te abandonar" virou um slogan, visto em todos os cantos.


É essa paixão, são essas figuras que o filme resgata. Não deixa de ser delicioso ver grupos uniformizados dentro da sala, assistindo o filme com um respeito absoluto, guardando para o final da sessão, na hora em que Negra Li começa a cantar uma música de Rita Lee sobre o Coringão... É bem nessa hora que o garoto uniformizado levanta da cadeira e solta um "Ê Timão!" saído de dentro do peito.


Um documentário exibido num cinema de shopping, ao provocar essa reação do público, atingiu a veia certa e pode comover até o palmeirense mais chucro (perdão pelo pleonasmo).




13 comentários:

  1. Dá um orgulho dessa torcida, né? Eu fico emocionado com ela. Também não sei o nome dos jogadores, mas provavelmente sei que o Mano é o técnico faz um tempinho. Como você bem sabe eu tenho em casa uma corintiana roxa.

    Falando nela, temos um blog juntos agora. O Aspargos Múltiplos.

    E parabéns pela estreia. Assisti ontem e hoje, a família toda sintonizada.

    abração.

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  2. (essa frase "mas provavelmente sei que o Mano é o técnico faz um tempinho" saiu errada. Era pra ser "mas provavelmente sei que o Mano é o técnico há mais tempo que você")

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  3. Olha só... Comentário de gripado vale dois pontos. Melhorou, mané?
    Vamos olhar os aspargos... passa o link.

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  4. Mário,

    Ainda não vi sua novela nem o filme sobre o Timão. Mas tenho certeza que ambos os dois (como falam os manos) são ótimos. Primeiro porque o Lauro Cesar Muniz escalou um craque como você pra jogar no time dele. Tenho certeza que você fará muitos gols, mesmo estando mais gordo que o Ronalducho. Mas craque é craque. Parafraseando o Antonio Maria, nós não escrevemos com a barriga.

    Quanto ao filme, assistirei ajoelhado pagando uma promessa a São Jorge..... Fui a vários jogos no Pacaembu e não tinha como não me emocionar com a torcida. Via metade do jogo e outra metade ficava vendo o comportamento das pessoas. Nessas horas dá orgulho de ser brasileiro.

    Ouvi pela primeira vez, à capela, com todo o estádio cantando "ohh, o curingão voltou, ohhh, ohh, o coringão voltou, ohhh" com uns manos na bateria, de forma sincopada e religiosa. Um dos manos regia o estádio inteiro. Você sabe que eu sou um homem calejado, mas, naquele momento, uma lágrima furtiva brotou do meu olho esquerdo, do mesmo lado que fica o coração.

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  5. Calejado e míope. Eu estou com um corpinho de toureiro espanhol, Vita!

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  6. Melhorei naquelas, não o suficiente para d. rosani.
    Mas to melhor. Reação ao caviar, não tava acostumado com tanto luxo.

    Brincadeira.

    Então, era só clicar no meu nome que ia direto pro blog, mas vem por aqui ó http://www.aspargosmultiplos.com/

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  7. Mário, as pessoas já haviam comentado que o filme é bacana.
    Mas eu nem tchuns.
    Agora vem você e escreve isso.
    Merda.
    Agora eu tenho que ver.
    Só você mesmo pra fazer um são-paulino assistir um filme do Curíntia.

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  8. Pois é, Otávio... Eu levei um choque lendo seu blog e descobrindo esse seu lado bambi... Até no futebol, menino?

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  9. Bambi com muito orgulho!

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  10. Parabéns Mário,

    Você deu sorte pro timão!!!! Aguardo outro post para a final....

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  11. mário, só li este comentário hoje, depois das duas emocionantes vitórias do Timão sobre os bambis (aliás, Otávio, orgulho de quê, nesta semana????).
    Eñtão, "Fiel", da minha amiga Andrea Pasquini - filme de futebol de uma mulher, olha como o país tá mudando...até que enfim! - é mesmo um filme emocionante sem pieguice, sem baba. Essa torcida é mesmo maravilhosa e única. Passar o que ela passou em 2007 e imediatamente à pior derrota do time em sua história entrar nesse "Eu nunca vou te abandonar", não é MESMO para qualquer uma.
    O melhor do filme é não ter cartolas. Só torcedores, jogadores (Mário, toma vergonha e decore a escalação!) e o Mano Menezes - agora vc sabe o nome dele, né?
    Depois de domingo, tô me contendo para não sugerir o nome dele como santo ao papa. Se bem, que com este papa reaça e babaca, nem adianta. A torcida mesmo é que vai canonizá-lo!
    bjs
    Neusa

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  12. Vamos comigo daqui a pouco no Palestra pra você ver mais uma demonstração "única" e "raríssima" de amor, entrega, dedicação, paixão, fé etc. Esse papo de que a torcida do Corinthians é diferente é mais um dos n mitos futebolísticos que são mastigados e deglutidos com facilidade dia após dia na mídia e por aí. Quando o Palmeiras foi rebaixado, fui em todos os jogos, boa parte deles com o estádio cheio, a torcida apoiando "como nunca". E vale o mesmo para Grêmio, Sport Recife, Flamengo, Lazio, Manchester City, Racing, Galatasaray ou qualquer outro clube grande que você quiser. Olhar a própria torcida como "única" e "diferente" é condição sine qua non de qualquer torcedor de futebol, meia boca ou não... E é isso que faz esse esporte tão grandioso! bjao

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  13. Guilherme, só mesmo um palmeirense - dos civilizados, tá certo - poderia escrever essa... hã... opinião passional. Relevo. rs.

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