quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Onde há fumaça, há Serra


"É proibido fumar" era um ié-ié-ié muito legal dos anos 60, um dos primeiros sucessos do Roberto Carlos, depois regravado no final dos 70 por Gilberto Gil e Rita Lee, temperado pela ironia da situação - ambos tinham sido presos por porte de maconha. Hoje em dia, "é proibido fumar" virou o mantra de José Serra e seria uma iniciativa plena de elogios, se não fosse o clima terrorista que está sendo criado.



Parei de fumar há 12 ou 13 anos e continuo achando que foi uma das decisões acertadas da minha vida. Mas foi minha decisão. Não precisei de nenhum político invadindo o meu território pra dizer o que devo fazer pelo meu bem-estar. Por mais detestável que seja chegar em casa me sentindo um cinzeiro bastante usado, minhas entranhas democráticas se contraem diante do autoritarismo que vem no rastro da nova lei.


Primeiro, foi a proibição de se fumar em cena. Beiraria o ridículo, se não fosse medieval. Lembra as besteiras politicamente corretas dos Estados Unidos, como o pedido de uma estudante de artes plásticas numa universidade americana: cobrir a imagem da Maja Desnuda, de Goya, por ser uma exploração machista do corpo feminino... Como dizia Paulo Francis, é de pegar em armas.


No Brasil, diversas peças teriam mais uma despesa - arrumar um advogado que pedisse autorização judicial para os atores fumarem em cena. Depois disso, viria o quê? Proibido discutir temas religiosos porque há crentes na platéia? Proibido recitar "Navio Negreiro", porque não há preconceito racial no país? Foi preciso que um astro popular como Antonio Fagundes - que nem é meu ator favorito - subisse nas tamancas durante os ensaios de uma peça. "Meu personagem fuma em cena, sim. Quero ver quem vai me impedir!". Obrigado, Fagundes! Graças a ele, os ainda anônimos e batalhadores atores dos espaços culturais mais obscuros vão poder tragar sem medo de algum fiscal surgir na platéia vazia.


Pior que essa patetada foi a campanha pela delação pura e simples. "Se você estiver num bar e alguém fumar, chame o Zé Serra" - em linhas gerais, é esse o teor da coisa. Não sei vocês, mas eu fui criado em outro esquema. Se, apanhados em flagrante delito, eu ou meu irmão tentássemos jogar a culpa no outro com o clássico "Ele começou primeiro", levávamos uma bronca de minha mãe: "Não interessa quem foi." Ok, era uma democratização forçada da culpa, mas em mim teve o efeito colateral de não praticar nem admitir que pratiquem a delação perto de mim.


Vejo, portanto, com nojo esse estímulo ao mau-caratismo - deduragem pra mim é isso. Políticos cujo comportamento ético - basta ler os jornais - vale bem menos que a lavagem dos chiqueiros, aparecem como defensores do bem estar, paladinos da saúde, zeladores da coletividade... Prefiro dez deputados fumantes a um corrupto.
Vem à memória uma cena de "Círculo de Giz Caucasiano", de Brecht, em que os pais temem ter sido entregues pelo próprio filho à polícia nazista. Tenho medo de viver os mesmos tempos de desconfiança, em que um vizinho acione o comando de caça aos fumantes porque viu, de sua janela, alguém acendendo um cigarro na área da churrasqueira do condomínio (sim, está proibido fumar na área da - repito - chur-ras-quei-ra).

Tristes tempos em que floresce uma categoria pior que o fumante passivo - o obediente passivo.

34 comentários:

  1. O que mais odeio na bandeira contra o tabagismo não é causa em si,nada contra os defensores da saúde, mas sim contra um bando de bundões, de mediocres, que não defendem porra nenhuma na vida e que com a campanha se acham no direito de se meter na vida dos outros. Muito feio isso, tão feio quanto era a propaganda de cigarro em horario nobre e ainda o é a das boas das cervejarias. Tão feio quanto a persguição da Inquisição e dos americanos tolos à Maja Desnuta. Boa, Mário.

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  2. Finalmente chegamos a 1984!!!! Nunca pensei que conseguiríamos. Tô pensando em pegar em armas e dar uma paulada na cabeça do "Grande Irmão" Serra.

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  3. Caro Mário,

    Meu nome é Caio Mazzilli e trabalho aqui na Ática com a Ana Vidotti. Parabéns pelo texto, inteligente e certeiro. Acho ótimo que um não-fumante sensato tenha dito tudo que eu, como fumante, tinha vontade de dizer.
    Só acho que vc se enganou quanto à cena da peça do Brecht. Na verdade, a cena que vc descreve é da peça Terror e Misérias no Terceiro Reich e não de O Círculo de Giz Caucasiano, ok?
    Valeu. Um abraço.

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  4. Que José Serra é covarde, inescrupuloso e truculento, não é novidade. Agora, com essa lei, virou incentivador de delação. Ou seja, um incentivador dos fascistas enrustidos. Espanta ainda que esse paparicado Drauzio Varella, o queridinho dos protagonistas da geração saúde, apareça na TV para fazer propaganda para esse fascista em troca de alguns trocados para engordar sua já gorda conta bancária.
    Se o governador quer cuidar da saúde pública, por que não coíbe o verdadeiro absurdo que são esses caminhões, ônibus e veículos a diesel que passam pelas ruas tornando o ar mais e mais irrespirável? Por que não proíbe aberrações como alarmes de carros e empresas que disparam à noite e acabam com o sono da gente? O governador vai alegar que essas são atribuições das prefeituras. E a lei anti-fumo, também não seria? Enfim, não é à toa que São Paulo é governado desde 1982 (Montoro) pelo mesmo grupo político. Graças ao progressista povo paulista.

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  5. O pior que haverá muitas pessoas q irão "dedar", a última vez q estive em um "boteco", ouvi muitos não fumantes reclamando e dizendo q não viam a hora de chegar a lei para poderem reclamar!!
    Fala sério, não fumo, mas os fumantes tinham as alas dele, daqui a pouco será proibido fumar na rua!!
    O Serra ainda pensa q é o ministro da saúde e o novo enganjador da ditadura.
    O pior são os fumantes aceitarem tudo isto numa boa...

    Tati

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  6. Oba, pessoal. A manifestação dos não-fumantes contrários à ditadura dessa lei é muito legal.

    Caio, obrigado pelo toque do Brecht. Pensei em corrigir no post, mas preferi deixar assim, com a sua correção.

    E que isto sirva de lição, meninos/as: quando a gente escreve não pode confiar na memória. Eu lembrava da cena q está incluída na peça "Liberdade Liberdade". mas não chequei. Sem checar a fonte, creiam, até eu erro.

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  7. "Obediente passivo" ficou ótimo. Só vale lembrar q é uma categoria bem antiga.

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  8. Você é fumante? Não, não importa!!
    Sou ex-fumante, parei porque achei que estava ficando dependente. Sabe o que mais me fazia protelar a parada. Não ficar ex-fumante chato, que implica com os fumantes. Fuma quem quiser.
    Adoro fumar, mas sou fumólotra. Não consigo fumar uns cigarros ao dia. Sempre foram muitos. Melhor parar. Agora, por que essa de policiar. Não sabia desse lance. Ainda não chegou por aqui. Se chegar não vai funcionar. Enfim, vc está corretíssimo.

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  9. Concordo com a leitora que postou que os fumantes estão aceitando numa boa...
    Me coloco no paredão, estamos muito passivos mesmo...

    Aninha

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  10. É complicado esse negócio de "aceitar numa boa". Muitos fumantes concordam que cigarro aceso na hora da refeição é ruim demais.
    Mas o que eu discuto é o tom ditatorial da tal lei. Chega ao absurdo de se dizer "Vc pode fumar dentro de casa" - mas era só o que me faltava! Daqui a pouco, vão dizer que não posso ouvir jazz, nem ligar a TV depois da meia noite... E nos inferninhos? Pode encher a cara, catar umas putas, mas fumar não?

    E quando vc liga a TV, tem o bom exemplo ético e moral do bate-boca no senado...

    Carlos Fernando, vc escreve de onde?

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  11. Obrigada Mário, me fez sentir gente normal ao ler
    esta matéria!! Foi um prazer ter vindo aqui hoje! beijos muitos, tanos e vários!!!
    (tive uma reação de medo e pânico hoje com as mensagens postadas no facebbok e o Laerte me recomendou viesse aqui ler...acredite, de hj em diante já é um dos meus favoritos! vc brilhante como sempre!)Lulu Pavarin

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  12. Se um doente, oops ... fumante, resolver acender seu cigarro após uma refeição em algum restaurante que frequento e o proprietário nada fizer, não tenho o mínimo problema em denunciar o local. Aliás, o número do disque-denúncia já está em meu celular. Vai ser muito divertido "caçar" fumantes mal-comportados.

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  13. Claudio, tem tanta coisa mais interessante pra fazer na vida, ahh quanta coisa boa pra faer em vez de caçar fumantes...
    Sem comentários....
    Vai na farmácia, lá vende Viagra... bom, acho que vc achou o que fazer não é?!

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  14. Que nojo dessa pessoa...Claudio Adas...
    minha nossa a vida de uma pessoa se resumir a isso. Deviam é proibir não fumantes em lugar de fumantes, imagina a solidão dessa pessoa. Anotou o telefone do disque denuncia!
    Pena, dó, e quanta ignorância!!!! chamou os fumantes de doentes...
    Voce Claudio é um BABACA, PORQUE CONHEÇO MUITOS NÃO FUMANTES QUE SE ENVERGONHARIAM DA SUA ATITUDE...VC NÃO É ACEITO NEM ENTRE FUMANTES NEM ENTRE NÃO FUMANTES...TOMA VERGONHA NA CARA!
    (deve ser brincadeira, não é real...)

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  15. Calma aí, moçada, o espaço é democrático.
    O Claudio confessou que denunciaria (o verbo é confessar, mesmo) por conta própria. Não precisa ser xingado, mas sim convencido da pouca ética do seu gesto.
    Caso vc estivesse na minha mesa, Claudio (o que duvido um pouco, mas quem sabe o que se oculta nos corações humanos?), você não ligaria pro disque-fumaça. A conversa estaria boa, as companhias agradáveis, pra que estragar a noite, né mesmo?

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  16. os efeitos do cigarro sõa terríveis, mas o Estado Brasileiro deveria intensificar as campanhas de esclarecimento à população, cuidar de discutir esse e outros assuntos relacionados a vícios nas escolas, preparar melhor as novas gerações e a população geral também, quanto as mazelas causadas pelos vícios. O que não é admissível e se criar leis, tipo "decretão", que nem o próprio Estado conseguirá acompanhar a execução por muito tempo, vide a lei "seca". Abs. Edi

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  17. E eu nem sabia que você tinha esse blog, soube pelo Facebook, assim como a Lulu...
    Moço, pra variar você foi certeiro. Sou não-fumante e tô passada, não mais com a lei, que não é a única estúpida e arbitrária que a gente engole, mas com as manifestações das pessoas que acham mesmo que os fumantes, aqueles que foram bombardeados com propagandas (que até a década de 60 usava médicos!)os estimulando a fumar e agora têm que se virar pra curtir seus vícios em paz, devem ser banidos, delatados, achincalhados. Ainda é capaz que a gente ouça "saudades da ditadura" por aí... É o horror, o horror. Beijo enorme!

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  18. Fabi, Lulu(zinha)... bienvenidas! Fabi, vc anda distraída, menina? Eu já ouvi "saudades da ditadura". Ouvi "saudades do Maluf" também. É o preço que se paga por não ser surdo.

    Edi, concordo contigo.

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  19. Mario, meu velho, parei de fumar em 2002 e foi uma das mais sensatas decisões da minha vida (levando em consideração que foram umas duas, três em 46 anos de vida). Não sou panfletário contra os fumantes, como não sou contra os drogados, bêbados, trekianos, flatulentos e afins. Cada um com seu cada um. Também sou contra atos arbitrários como este, do Serra. Só que, nesta discussão, sou obrigado a levar em consideração alguns fatos importantes. Um deles é este: fumante passivo já é a terceira causa de mortes evitáveis no mundo. Eu acho que deveria ser uma decisão do dono do bar (só um exemplo) proibir fumar ou não na sua birosca. O cara que não é afim de se fuder com a fumaça do outro, decide se quer entrar naquele lugar ou não. E, no caso dos fumantes, a mesma coisa. Acho que só a gente protestar contra uma lei fica parecendo coisa de nanico e 68. Precisamos mostrar alternativas. Acho que esta seria uma delas. Acho bem democrático. Eu não me incomodo nem um pouco com fumaça de cigarro, até aproveito um pouco, pra matar a saudade. Mas tem muita, muita gente mesmo, Mario, que, com todo o direito do mundo, se incomoda pra caralho e é prejudicado por ela, inclusive, reduzindo seus anos de vida. Talvez seja uma alternativa. Deixar que cada um decida se quer ficar ao lado de um fumante ou não. E o portuga que faça suas contas de cabeça. Grande abraço, meu velho. Jarbas

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  20. Olha, gente, eu li tudo, desde o post do Mário, até todos os comentários. Não sou fumante e sofro pacas com cigarro, mesmo que fumem "soltando a fumaça pro outro lado". Eu, por exemplo, tenho bronquite, além de realmente não gostar do cheiro da fumaça. Me incomodo profundamente, a ponto de às vezes perder a vontade de ir a bares, restaurantes e até a casa de amigos (em festas) pois sei que haverá vários fumantes e muita fumaça, consequentemente...
    Será que tão criminosso achar legal a Lei? delatar, acho bem estranho, desagradável. Mas pombas, cansei de ver gente delatando (confessando, etc... não importa a palavra) quem aumentava preço na época de congelamento. Os tais fiscais do Sarney. E achando ótimo. Sei que faz tempo pra cacete, mas vejo diferença de critério na hora de dizer uma coisa ou outra... e Lulu, se eu te assustei com minha opinião no Facebook, sinto muito. Só comemorei poder ir a lugares de que gosto.
    EDU SEMERJIAN

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  21. Jarbão, entendo o q vc diz, cara. Realmente, a opção seria do dono do bar e do consumidor. Várias vezes eu já deixei de ir a lugares que gosto porque não estava a fim de voltar "defumado" pra casa. Em outras várias vezes, eu liguei o 'foda-se', fui e me diverti. O que prova uma coisa: o q me não me deixou sair nas outras noites não foi necessariamente o cigarro alheio.
    Edu Blue Eyes Semerjian!!!! Ou Green Eyes... a fumaça não me permite ver direito... rs... Edu, o meu bode não é com a lei, mas com a forma como ela foi aplicada. E sobre os fiscais do Sarney... well, eu já era um jovem adulto àquela época e posso te garantir que a minha opinião sobre eles não era muito melhor do que sobre os deda-fumantes que o Serra quer criar.

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  22. Mário, não me incomodo de termos opiniões diferentes. Só fico realmente inconformado é com manifestações mais agressivas, tanto de um lado quanto de outro. Mesmo quando elas são mais veladas. Se eu acho uma coisa e voce outra, e nos respeitamos numa boa, tá tudo certo. Mas enfim... conversaremnos melhor isso no Galpão outro dia, comendo uma pizza. :o)
    Obs: green...
    EDU SEMERJIAN

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  23. Mario, tem muita hipocrisia nesta história, incitar o dedo-durismo é uma das coisas mais bizarras que eu já vi! Sou fumante, não acho que a lei esteja errada (a mim não custa nada levantar da mesa de um restaurante pra fumar lá fora), mas o método de aplicação é um absurdo ético. Esse denuncismo é coisa da ditadura militar, é um ultraje. Fazer o dono do estbelecimento pagar o pato pelo cigarrro chega a ser requintadamente cruel. Outro dia fui tocar na Gambiarra, e fiquei surpreso: voluntariamente, quase ninguém fumava. Tanto que nem eu fumei, esperei pra ir lá fora fumar. E foi ótimo, porque consciente, porque civilizado. A chave, aliás, é essa: civilidade.

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  24. Pois é, Otávio! Fazem de um jeito que parece que a gente é contra a lei! Agora saem nos jornais reclamações porque o povo nas calçadas tá fazendo barulho... Vai rolar multa do Psiu... Ou seja, vai lá fora fumar - calado!

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  25. Sou ex-fumante e a favor do levante:

    Porrada no José Serra!

    (não tenho mais paciência pra esse imbecil)

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  26. Porrada no Serra mesmo.
    Agora, viram as calçadas??!! Virou cinzeiro...

    Tati

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  27. Oi Mário. Sou do Rio de Janeiro. Não sabia dessa lei. Viu! Seu blog além de ser ótimo, informa. É um tema polêmico. Depois, procurando saber mais um pouco vi que existe uma lei federal que orienta o fumo em lugares púlicos. Vi reportagens e me parece descabível. Aqui há um controle em ambientes fechados, ônibus, e em empresas (o famoso fumódromo), mas nada assim tão forte.

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  28. Eu acho assim, se eu resolver fazer sexo em cima de uma mesa de restaurante, ou vão chamar a polícia ou me linchar, se eu resolver fumar maconha numa mesa de bar, é bem provável que a polícia apareça também. Já o beijo de dois homens pela lei ninguém pode falar ou fazer nada. Sexo, beijo, drogas, umas coisas são aceitas na sociedade, outras são marginalizadas, e esses conceitos são maleáveis, de acordo com o grupo e contexto social. Depende do "real desconforto" que causam, mas talvez mexam também com a frustração alheia. O uso do cigarro em lugares fechados é a bola da vez, como já foi propaganda de cigarro, fumar em avião e tantas outras coisas. Talvez sexo na mesa do restaurante continue sendo abominado, talvez a maconha vire o chá das 5. A gente nunca sabe para onde o mundo vai girar, talvez fique dando voltas, PSDBxPT, liberdadeXrepressão, e a gente jurando que a vida se apoia em conceitos maniqueístas. Talvez a Era de Aquário tenha mesmo começado e discussões como essa se tornem obsoletas, pois não precisaremos mais de "Serras" para nos dizer o que fazer. {Tommie}

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  29. Mário,
    Eu cheguei atrasado a esta polêmica.
    Muita gente já escreveu o que eu queria dizer. Mas posso acrescentar algumas coisas:

    Eu já fumei, mas não sou ex-fumante. Ex-fumante é um cara chato, amargurado,que deveria continua fumando para não ter uma vida tão medíocre e não atazanar os outros. Eu me considero um antigo fumante, um fumante de outros tempos. Se me chamarem de ex-fumante vou reagir: "é a mãe!"

    Também acho que a lei estimula a delação, quase que obriga o ser humano a ser delator, principalmente se for ex-fumante. O cara que liga para os fiscais para delatar um fumante no restaurante, age como aqueles poloneses que delatavam os judeus para ficarem com a casa deles quando eram levados para os campos dxe concentração. É a mesmissima coisa. Leiam a grafic novel "Maus".

    Na minha casa entram fumantes e antigos fumantes, mas não entram delatores.

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  30. Mário, o Carlos Fernando (q vc perguntou acima) é do Rio de Janeiro. Descobri no blog dele: registrosdocotidiano.blogspot.com

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  31. Tenho que confessar a minha total alienação. Essa semana será votada aqui no Rio a mesma lei aprovada para São Paulo, com um agravante: o valor da multa é maior do que em Sampa. E eu dizendo que aqui era diferente. Talvez seja a proximidade geográfica.

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  32. A etiqueta de Glorinha Calil para estes tempos da fumaça:
    "Odeio cigarro. Posso adaptar a lei antifumo na festinha que vou dar em casa?
    Pode, mas é antipático. Melhor colocar alguns cinzeiros perto da janela ou num terraço e pedir aos amigos que fumam que se coloquem por ali. Os fumantes já estão acostumados a ser reprimidos e não vão ligar."
    Etiqueta Ana Vidotti: Se um puto de um amigo meu me convidar para uma festinha e quiser tolher minha liberdade... será um ex-amigo! De olho roxo!

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