sábado, 18 de julho de 2009

Perguntas Urbanas


Por que os ciclistas acham que têm pernas e não rodas quando estão saracoteando pela cidade? Perdi a conta das vezes em que quase fui atropelado por ciclistas que ignoram aquela luz no meio da rua, que às vezes é verde, outras é vermelha...


Por que os carros importados chegam ao Brasil sem o pisca-pisca? O recurso é muito útil para avisar que o motorista pretende entrar à direita ou à esquerda.. mas são raros os condutores que sabem manejar o pisca-pisca aqui. Quando aluguei carro no exterior, testei e funcionou.


Por que insistir em bairrismos, quando ouvimos todos os sotaques e idiomas numa caminhada sem compromisso até o cinema?
Por que moramos num país em que o banco 24 horas funciona em horário comercial?


Por que não dá mais para falar ao celular quando se caminha pela Paulista (e arredores), correndo o risco de ser assaltado? Também não poderemos falar ao celular enquanto dirigimos, porque a multa será aumentada. Celular, em São Paulo, só dentro de casa. Ou da firma, se o chefe deixar.


Por que nos sentimos cada vez mais acuados? Miseráveis estendem seus trapos na Paulista, mas suas imagens não se refletem nos vidros fumê dos prédios bacanas... São os neo-zumbis, sem um Thriller que os redima.


Por que se diz que o consumo de crack tomou conta da cidade? Por dois motivos: primeiro, por que é verdade. Segundo, porque os crackeiros que viviam confinados na Boca do Lixo tiveram suas tocas demolidas ou lacradas pela Nova Luz. É triste a comparação, mas lembra um ninho de ratos atacado: a colônia se espalha por todos os cantos. E se reproduz mais.


Por que devemos tomar cuidado? Para que o nosso coração não se habitue ao desconjuntado e interminável desfile da miséria sob nossas janelas...



6 comentários:

  1. Insônia produtiva... A minha só causa lágrimas para disfarçar a impotência... E pensar que, pouco tempo atrás, achava que iria mudar o mundo. Vivíamos tempos mais cordiais ou não percebíamos as misérias???

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  2. Mário, querido. Um amigo jornalista voltou ontem de uma matéria na cracolândia e estava transtornado. Ele usou a mesmíssima expressão que você: disse, chocado, que era como se tivesse visto um grupo de ratos fugindo e dando as caras de acordo com a situação...Cara, esta urbanidade tá difícil, hein... sérgio roveri

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  3. E essa onda de crackolândia também chegou aqui no Rio. Efeitos da globalização. Parabéns pelo texto!

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  4. É parar de tratar craqueado como caso de polícia e ter politica publica para atender esses doentes, não é tão complexo assim, nem precisamos de revolução socialista, basta investir em gente especializada e acompanhar caso a caso, não tem erro. Caco Barcelos, mostrou bem no Profissão Reporter.
    E violência urbana idem, talvez as empresas de telefonia celular devessem participar mais e lucrar menos, bolar maneiras de não ter tanto mercado paralelo do aparelhinho, para ver se a gente para de correr risco de vida por causa de um porcaria de celular.
    O Brasil já cosntruiu Itaipu, a Rio-Niterói, é ponta em cirurgia cardíaca. Será que a gente não dá conta de algumas centenas de adictos? De alguns milhares de ladrões de galinha?
    São Paulo dá conta desse problema, é só querer.

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  5. E tem muita gente querendo espalhar raticida pelas esquinas da cidade. No pior estilo rato bom é rato morto. Acho que a proliferação dos "batmen" pela cidade é sintoma de que as coisas como estão levam muitos a desistir da vida...

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  6. Mário,
    Fiquei uns tempos sem vir aqui e vejo que os dias passam e vc continua contaminado pelo germe do protocomunismo, que, todos sabemos, mata e aleija mais que o vírus da gripe A, aquela palmeirense.

    Helou!!!!! Você tem inveja dos meninos e meninas de bicicleta porque você não sabe andar de bicicleta! Ok, com sua habilidade no trânsito, você poderia começar com um triciclo. E, com o tempo, tirar a rodinha.

    E que implicância com os motoristas de carro importado!! Eles são vencedores, ganham muito dinheiro no mercado financeiro, dão uma parte como dízimo para a igreja. Por que não podem dirigir seus carros importados? Eles são esquecidos, por isso não acionam o pisca-pisca. É só isso, minha gente. Eu quando era criança tomava neurofosfato sky (não sei se é assim que se escreve) para a memória. Parecia tinta de caneta tinteiro. E, no meu caso, funcionou legal.

    Agora que acabou o diploma de jornalismo e que a comunicação é mais direta, livre da censura corporativa dessa gentinha que quer ganhar aumento salarial acima da inflação, eu tomo coragem para assumir essas posições mais condizentes com à atual situação econômica do país. Eu estou evoluindo muito Mário. Leia o Demétrinho, o Neumanezinho e outros que têm sido porta-vozes de verdades incômodas que nem todos querem ouvir.

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