Prezado vereador Carlos Apolinário (DEM)
Venho por meio desta solicitar a atenção do nobre edil, eleito por milhares de moradores desta cidade, para uma situação de extremo preconceito que acontece anualmente em nosso município.
Como sei do empenho que o prezado vereador dispensa às minorias oprimidas – veja-se o caso do seu esforço na criação do Dia do Orgulho Hétero, que levou e ainda levará nossa amada cidade ao noticiário mundial, especialmente por criar a categoria até hoje pouco estudada da maioria oprimida - venho reivindicar a mesma gana legislativa para a criação do Dia do Órfão Paulistano.
A implantação desta data comemorativa é tema urgente e de capital importância para o respeito a todas as categorias sociais que convivem em São Paulo. Assim como a Câmera dos Vereadores ousou desafiar o seu tempo e criou o Dia do Orgulho Hétero, esta tarefa é de fundamental providência por parte dos dedicados edis de nosso município, eleitos e mantidos com os votos de milhões de paulistanos.
Não acho que seja o caso de se chamar Dia do Orgulho Órfão, já que nem mesmo a mocinha que mandou o namorado dar cabo dos pais tem orgulho em exibir a orfandade, acredito eu. O Dia do Órfão justifica-se a cada temporada de Dia das Mães e Dia dos Pais. São datas criadas pelo comércio, é claro, mas a Parada Gay de São Paulo também se tornou a menina dos olhos do turismo paulistano e só a entrada de dinheiro nos cofres municipais já justifica a manutenção do evento na principal avenida da cidade – os evangélicos e os sindicalistas, em sua maioria, são daqui mesmo e não animam hoteis, restaurantes, lojas e outros templos consumistas que fazem a alegria da comunidade gay.
É necessário que os vereadores se sensibilizem com a causa dos que sofrem a falta de seus entes queridos a cada campanha publicitária. “Temos o presente para qualquer tipo de pai” ou “Dê a sua mãe tudo o que ela quis” são slogans que, antes mesmo de estimular o consumo, constrangem os cidadãos privados de seus genitores. É de uma violência abissal, desumana, impensável. É a orfanofobia em marcha, aproveitando um termo criado por Vossa Excelência na revista Veja desta semana.
Como cidadão paulistano, profissional que vive do seu trabalho e por ele paga todas as taxas e impostos cabíveis (e incabíveis, também), eleitor com a situação em dia, e – acima de tudo – órfão de pai e mãe, julgo-me pleno de direitos em reivindicar ao vereador que abrace a nossa causa.
Superaremos diferenças políticas em nome de um bem maior, lembrando que nossa luta em nada depõe contra a figura humana dos que têm pai ou mãe vivos – alguns têm ambos! É preciso combater o excesso de privilégios dados a esses cidadãos já aquinhoados com os pais em plena atividade.
O órfão paulistano cansou-se de ser humilhado em shopping centers, lojas e anúncios de TV. Chega! Nossa luta está apenas no começo!
Atenciosamente,
Mário Viana.
E vc nem falou das criancinhas, não apelou para o ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente, nem lembrou da sua pequena órfã favorita, a Maria Rita rs.
ResponderExcluirEu me contive.
ResponderExcluirMário:
ResponderExcluircom tanta idiotice e canalhice dos edis, só
mesmo a sua fina ironia!
Parabéns!
Mas sobre a anacrônica lei do evangélico Apolinário, agora líderes do PT e PSDB estão se movimentando para convencer o alcaide a vetar a lei. No momento em que esses políticos deveriam ter agido, nada fizeram; agora apelam para o executivo. . . .
abr
Maurício