quarta-feira, 7 de abril de 2010

Reabre alas!!!


(espreguiça, tira a poeira, esconde o veja multiuso, fica direitinho, olha a postura... pode começar? pode. então, vamo'lá)


Volto da minha turnê pelos mistérios da Indochina e caio direto no Brasil da Maureen Bisilliat, no Sesi da Avenida Paulista. Percorro fascinado as 200 fotos de Maureen, feitas quase todas sob inspiração de algum escritor - Guimarães Rosa, Jorge Amado, Adélia Prado... Maureen explica as fotos e demole a teoria de que uma foto vale mais que mil palavras. Imagem e palavra se completam e, quando usadas de modo inteligente, fazem a gente avançar um tiquinho. É o caso dessa exposição.


A irlandesa Maureen, instalada no Brasil desde o começo dos anos 60, percorreu caminhos que a maioria de nós jamais ousou - nem mesmo na estante de casa. Pois ela não só leu, como ficou amiga e foi atrás dos personagens citados nos livros. Gente, ela ganhou apelido dado pelo Guimarães Rosa! Eu não consigo fazer com que o porteiro do meu prédio acerte meu nome - "Oi, seu Mauro"...


As fotos de Maureen nos trazem os sertanejos de Guimarães, os baianos de Jorge, as mineirinhas de Adélia... E trazem também figuras bolivianas, chinesas, japonesas... E atingem o máximo no segmento da Pele Negra, baseada numa das primeiras exposições da fotógrafa, com ensaios de negros... A foto do menino de pele escura, com asa de anjo e uma flor, à espera da procissão, é de cortar a respiração. Os modelos de Maureen têm em comum o olhar altivo, a pose de quem está em seu terreno... Ao contrário de muito retratista famoso, Maureen acha que o importante da foto é quem está diante da câmera e não atrás dela.


Foi bom re-mergulhar no Brasil pelas lentes de Maureen. Afinal, este não é o mesmo país de um mês atrás. Quando eu saí de férias, deixei o Glauco aí e agora... Dona Marta, Geraldão e outros tipos devem ter chorado muito e eu não pude estar aqui pra dar uma força. Volto e procuro o Rio, escondido debaixo da chuva. (Ontem, num boteco da Nove de Julho, parei pra observar um gari, um entregador de cerveja e um aposentado olhando fixamente o noticiário da TV, com as imagens da tragédia carioca... Um deles comentou com o outro: "Igual São Paulo, uns tempos atrás...". "Coitados", respondeu o outro. E o tom de solidariedade, de 'eu sei como eles estão sofrendo', me deixou filosófico).


Volto pro Brasil e encontro o Alberto Goldman no lugar do Serra, que saiu do governo pra disputar a presidência. É cena repetida: ele já fez esse esquete na prefeitura. Pelo jeito, caso o Serra ganhe a eleição pra presidente, a gente vai ter de rezar bastante pro papa viver muito. Senão, já viu...


Tô alimentando o projeto de blogar uma série "Memórias de Viagem". Caldo, dá. Vamos ver.


Tava com saudades.



8 comentários:

  1. Você? Imagine todos nós, esses seus órfãos!
    Como é bom reencontrá-lo! Que tal um jantinha ixperta hoje?
    Beijos e abraços para acabar com este negócio de vc viver sem nós!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. eu tb estava com saudades dos seus posts. q bom q voltou. beijos, pedrita

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  4. Jà não era sem tempo. ( Nunca entendi esta expressão.)
    abraço,
    Aimar

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  5. Aimar, vamos dar tratos à bola pra entender o "já não era sem tempo". E o "dar tratos à bola" também...

    Pois é, povo, voltei. Vamos em frente!!!!

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  6. Sua volta coincidiu com uma data importante no calendário cultural paulista.....

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  7. Maravilha os relatos da viagem ,tem que dar prosseguimento,afinal duvido que outras pessoas que viajaram por essas terras tenham esse olhar lírico das pessoas e lugares.
    Fiquei interessa da pelas fotografias da irlandesa Maureen,vou pesquisar sobre ela e ver se consigo ver algumas fotos na net.Em se tratanto de fotografia,Bresson é minha paixão.
    Abraços e beijos,extensivos a Wanderley...

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  8. Dica incrível da exposição. O olhar mais genuinamente brasileiro que já vi. Louco isso!

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