terça-feira, 27 de abril de 2010

Eterna lua-de-mel


O poder é afrodisíaco, dizem os que sonham em ser poderosos. A julgar pela mais recente declaração do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, o governo leva o chavão muito a sério. A esta altura, todo mundo já leu a respeito no noticiário: ao lançar uma campanha de combate à hipertensão, o ministro receitou sexo cinco vezes por semana como forma de, digamos, deixar tudo em dia com o organismo. A nação quedou-se boquiaberta e com toda razão: não é sempre que alguém do governo, de qualquer governo, fala alguma coisa que preste. Para alergia dos carolas, Temporão ainda acrescentou um "com segurança" ao conselho de "meus filhos, trepai".


Temporão entrou na fila de políticos que usam o sexo como argumento demolidor. Só pra ficar na gestão Lula, a então ministra do Turismo Marta Suplicy aconselhou às vítimas dos atrasos aéreos que relaxassem e gozassem. Na ocasião, pegou muito, muitíssimo mal o que soou como zombaria para com quem estava há mais de 40 horas esperando um vôo de 40 minutos. Marta pediu desculpa, mas a besteira já estava feita - e o que sempre foi um conselho de amigo em mesa de botequim ganhou envergadura de crime contra a dignidade nacional.

Políticos de outros partidos foram menos enfáticos com relação a conselhos sexuais, mas não menos entusiastas na prática do esporte. Haja visto que volta e meia aparece ex-presidente reconhecendo filho nascido fora do casamento e senador denunciado por atrasar a pensão milionária à filha bastarda e ministra alugando escritor consagrado pra botar a boca no trombone sobre seu caso com um colega. No passado, dizem mesmo que um certo ex-prefeito e ex-governador, atualmente com sérios problemas junto ao sistema financeiro internacional, também usou seus atributos sexuais junto a primeiras-damas assanhadas para galgar mais rapidamente as trilhas do poder. Deu certo (e isso não é trocadilho).

No Brasil, o sexo mistura-se ao poder desde 1500. Ou alguém esqueceu a menção entusiasmada que o escrivão Pero Vaz de Caminha fez das "vergonhas" de nossas índias - "altas, tão cerradinhas e nós, de tanto as olharmos, não nos envergonhamos". Caminha, hoje em dia, iria parar na cadeia por assédio sexual de incapaz, mas na época a única coisa fora do comum eram as tais vergonhas cerradinhas. O patrono do turismo sexual foi o primeiro laço de nossa brasilidade tropical com o sexo carnavalesco. Ou algo assim.

A receita de cinco doses de sexo por semana merece aplausos e adesões entusiasmadas, decerto, mas isso tá parecendo mais uma daquelas leis que não pegam. A não ser que haja patrulha fiscalizando. Ou seja, não pode beber antes de dirigir, nem fumar na balada - mas furunfar, pode. E deve. Ordem é ordem.

Mas uma coisa sobrou pendente da declaração do ministro. Pra combater a hipertensão, muita gente toma remédios. E esses remédios são conhecidos por anular (ou, pelo menos, reduzir bastante) a libido. Notaram a contradição? Ou bem você obedece ao ministro e cai na gandaia ou bem obedece ao médico e fica vendo a banda passar . A não ser que o ministro da Saúde esteja lançando uma campanha subliminar de combate à medicação exagerada. Pode ser. Danado, esse Temporão.


9 comentários:

  1. Então o negócio é trocar a hipertensão pelo hipertesão. Tão fácil quanto extrair a letra "n".

    Fala sério Brasil!

    abraço
    Alessander
    Cuecas na Cozinha

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  2. Joguei todos os meus remédios fora! Agora aguardo, placidamente, alguém para fazer sexo! Pode não dar certo, mas é mais emocionante! Adorei o Tinhorão!!!

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  3. O Temporão é português, nunca vai poder concorrer a um cargo executivo no Brasil, está na constituição, por isso se dá ao direito de falar com mais liberdade.
    Eu adorei, mas minha doença crônica é fibromialgia, doença que dizem qua gente tem dquando diz que doi tudo e ninguém consegue explicar porque. Precisava saber se sexo também cairia bem no tratamento nesses casos, o ministro tinha que ter sido mais claro na prescrição.

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  4. qd alguém q tem algum poder político dizer algo que exclui parcela grande da população é um verdadeiro tiro no pé. pregar que alguém só vive bem se tem alguém é outro perigo pq a quantidade de solitários é muito grande. acho triste alguém alegar algo que exclui tanta gente e tanta faixa etária. e mais estranho ainda q políticos q sabem dos exageros dos impostos achem que a maioria da população tenha cabeça pra pensar em amor qd não dá conta de pagar tudo o q eles cobram. beijos, pedrita

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  5. Pedrita, contenha seus impulsos românticos. O ministro falou em fazer sexo cinco vezes por semana, mas não disse que devia ser com a mesma pessoa. Criatividade, meu anjo!

    Ana, Rosani, Ester... Será que o Temporão tá fazendo lobby pro viagra?

    Alessander, vc bem que podia ensinar umas receitas afrodisíacas, né não?

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Tô com a Pedrita (não no sentido sexual).

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  8. Agora vai ter viagra genérico, gente, olha que beleza.
    E quem não tem cão, caça com gato, sozinho, do jeito o que for, o importante é a prevenção das doenças crônicas.

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